novembro 08, 2010

plano estratégico para design

A Documentação
O objetivo desse documento é servir de ferramenta para acompanhar a condução inicial do trabalho de compreensão do contexto geral da situação de projeto. 
Nesse sentido, serve para orientar as primeiras buscas de informações no sentido de gerar um mapeamento preliminar.
Em um segundo momento, com a crescente complexidade do projeto, passa a cumprir uma função de documentação, não apenas situacional, mas também histórica do desenvolvimento do projeto. 
O trabalho gerado a partir desses checklists tem uma característica de continuidade, ou seja, deve ir sendo agregado de informações acerca das várias dimensões pesquisadas.
O trabalho tem início com uma introdução do ambiente e do contexto situacional em que o projeto se estrutura. Quer seja uma contratação de serviços, quer seja uma exploração empreendedora, essa introdução formal ao universo que começará a ser investigado tem a função de mostrar a extensão do problema/oportunidade em questão, bem como delimitar as fronteiras e pontuar as características principais envolvidas.
É, também, na introdução ao tema que se apontam o que tem sido feito, no mercado, de forma similar ou correlata, as questões críticas associadas e, ainda, as referências gerais que poderão auxiliar no desenvolvimento do projeto.
O Projeto 
Um projeto é um plano de ação que tem como objetivo a geração de algo específico e exclusivo. Seja produto, processo ou serviço esse trabalho empreendido obedece a um determinado ciclo-de-vida, ou seja, ocorre na linha do tempo e segue etapas que se encadeiam, na medida em que ganham complexidade e avançam na direção do resultado final.
Esse plano deve ser acompanhado de tantas informações – textuais e gráficas – quanto forem necessárias para tornar claras as várias metas e etapas durante o desenvolvimento de projeto – a redundância de informação em formatos gráficos distintos costuma tornar as questões mais esclarecedoras e consistentes.
 O desenvolvimento do projeto é, portanto, uma ferramenta de acompanhamento e articulação entre as várias camadas de atores e decisores ao longo do processo de desenvolvimento de projeto. 
Design / Briefing – Check-list

Bloco 01 – Contato
  • Empresa
  • Contatos
  • Endereços
  • tel:                              
  • fax:
  • e-mail:
  • www.           
Bloco 02 – Imersão Setorial
  • Dados Setoriais   
  • Aspectos Econômicos
  • Aspectos Políticos
  • Cadeia Produtiva Padrão
  • Aspectos Legais
  • Aspectos Geográficos
  • Aspectos Logísticos
  • Estatísticas
  • Cenário e Perspectivas
  • Outras Especificidades

Bloco 03 – Escopo Estratégico

  • Missão
  • Estratégia
  • Objetivos
  • Valores
  • Visão
  • Posicionamento
  • Responsabilidade Socio-Ambiental
  • Stakeholders

Bloco 04 – Imersão Organizacional
  • Gestor / CEO
  • Direção de Marketing
  • Direção de Desenvolvimento de Produtos
  • Direção de P&D / Inovação
  • Direção de Comunicação
  • Número de Empregados
  • Benchmarks
  • Organograma
  • Cadeia Produtiva Básica
  • Estatísticas
  • Outras Especificidades

Bloco 05 – Descrição do Negócio
  • Descrição do Negócio
  • Descrição dos Processos
  • Descrição do Mercado
  • Histórico da Empresa 
  • Produtos
  • Serviços
  • Fluxo de Informações
  • Fluxo de Processos
  • Competências Fundamentais
  • Tecnologias Fundamentais
  • Infra-Estrutura Fundamental
  • Política de Salários e Incentivos
  • Logística 
  • Canais de Distribuição
  • Canais de Comunicação

Bloco 06 – Diagnóstico
  • Resumo da Análise Interna - SW
  • Resumo da Análise Externa - OT
  • Forças de Mercado – 5F/Porter
  • Cenário e Perspectivas
  • Tendências
  • Considerações Finais

Bloco 07 – Proposição Estratégica
  • Descrição do Problema / Oportunidade Estratégica
  • Contexto
  • Objetivos
  • Metas Desejadas
  • Estratégias
  • Ações Táticas / Operacionais
  • Riscos / Vulnerabilidade
  • Requisitos
  • Critérios
  • Processos
  • Stakeholders
  • Objetivos Específicos
  • Cronograma

Business Plan – Check-list

O plano de negócios é um documento empresarial que determina de forma específica as características processuais de um negócio. A lógica do negócio que ali se insere, buscando elencar a maior parte possível das atividades que serão desenvolvidas e as relações destas com o mercado. 
O documento – que não deve ser muito extenso - tem o caráter de delinear o fluxo de processos e suas relações com o mercado, mostrando a viabilidade do negócio. 
Esse documento deve, ainda, conter uma declaração de missão, objetivos, análise do panorama setorial e mercadológico, estrutura patrimonial da empresa, projeções financeiras, bem como, uma descrição das orientações estratégicas para alcançar estes objetivos, é, dessa forma, uma ferramenta de gestão.
O business plan pode servir para atrair investidores, viabilizar financiamentos e caracterizar para fornecedores e stakeholders a saúde e as perspectivas do negócio na hora de negociar. 
Estrutura Formal
Folha-de-Rosto 
Nome da Empresa 
Profissional Responsável 
Endereço
Data
Sumário Executivo
É a síntese do documento, onde está resumido o conjunto das informações mais relevantes. 
Descrição da empresa
É a síntese da estrutura da empresa. O porquê e como foi criada, sua trajetória histórica, a situação atual e suas perspectivas.
Equipe Gerencial
É a caracterização das competências da equipe e seus recursos.da na área de negócios, o conhecimento do nicho de mercado da empresa e o que fizeram no passado.
Estrutura Legal da Empresa
É a caracterização da razão social, seu porte, características societárias e enquadramento legal.
Localização
É a caracterização da situação física do negócio sua situação geográfica e seus componentes infra-estruturais.
Registros Contábeis
É o registro da capacidade de documentar, manter e gerenciar o fluxo de caixa da empresa.
Parceiros
É a identificação dos serviços de terceiros, necessários e fundamentais para o desenvolvimento do negócio.
Produtos e Serviços
É a descrição dos produtos e serviços da empresa – apontando as formas e procedimentos que tornam a empresa capaz de tocar o negócio de maneira viável.
Aqui deve ser demonstrada a capacidade de oferecer ao mercado aquilo que foi proposto como negócio, levando em consideração a logística, a concorrência, os fornecedores, a mão-de-obra, etc.
Pesquisa e Desenvolvimento
É a demonstração da capacidade de articulação para gerar de forma regular, elementos inovadores capazes de se ajustar às demandas e às necessidades concorrenciais.
Planejamento Estratégico
É o estabelecimento das atividades que envolvem a declaração da missão e dos objetivos, focando a viabilização do sucesso das operações, a manutenção de uma posição frente a concorrência e/ou a conquista de uma nova situação. 
Planejamento Tático
É a caracterização de um plano – de um ano em média – que tem por objetivo a otimização de áreas pontuais da empresa, trabalha, portanto, em partes dos objetivos estratégicos definidos no plano estratégico.
Planejamento Operacional
É um plano de ação que corresponde a um determinado conjunto de partes do planejamento tático.
Visão 
É a declaração que define aonde a empresa pretende chegar e que direções pretende seguir para chegar lá.
Missão
É a declaração concisa do motivo do negócio existir. 
O que é o negócio?
Por que ele existe?
Qual seu propósito?
O que a empresa faz?
Para satisfazer a quais demandas – clientes?
Qual o meu diferencial único?
Que benefícios adicionais eu posso oferecer?
Que imagem se quer transmitir?
Objetivos e Metas
É a definição do quê a empresa pretende alcançar para viabilizar o cumprimento da missão. Os objetivos são intenções de longo prazo e as metas com prazos mais curtos.  
Estratégias
É a indicação de como a empresa pretende alcançar seus objetivos e metas.
Plano de Marketing e Vendas
É a definição dos processos,  meios e métodos que a empresa se utilizará para alcançar seus objetivos. Podem ser relacionados a produto, preço, serviço, comunicação, distribuição, etc.
Análise de Mercado
É a identificação das questões e características ambientais. 
Aqui se descreve o setor e seus players. A dinâmica de competição, as tendências, as barreiras de entrada, o tamanho do mercado, entre outras formas de análise, como o uso da SWOT e das 5 Forças de Porter.
Plano Financeiro 
É a transposição numérica / contábil de todo o conjunto e informações e perspectivas apresentadas até aqui. É a comprovação financeira da viabilidade e futuras perspectivas do negócio – em relação às características do mercado, da concorrência, da logística e da capacidade produtiva.
Análise do Ponto de Equilíbrio
É a demonstração do ponto no qual a receita advinda das vendas começa a equivaler à soma dos custos fixos e variáveis. 
Prazo de Retorno
É a determinação do tempo necessário para a recuperação do capital investido. 


Figura 1: Análise Macroambiental x Microambiental.


Figura 02: Análise SWOT e suas perspectivas.

Paulo Reis

outubro 06, 2010

a subjetividade e a produção do conhecimento

No estabelecimento das organizações sociais mais complexas "as religiões surgiram prometendo uma vida melhor depois da morte", onde "uma ressurreição compensadora" servia de norma para a estruturação da sociedade. A seguir, como tentativa de oxigenação das organizações de base religiosa, surge a novidade 'moderna', mais complexa e onde "as ideologias políticas entenderam que a paciência humana também é frágil e anteciparam a realização de uma vida melhor pela conquista de igualdades sociais. Só que isto jamais chegou a bom termo nem com o capitalismo nem com o comunismo"[i].
Como aponta Lipovetsky ao citar Cornelius Castriadis, o rearranjo social com maior ênfase no indivíduo que vivenciamos hoje, seria fruto de uma “combinação sinérgica de organizações e significados, de ações e valores, que vem se formando a partir da década de 1920 – apenas as esferas artísticas e psicanalíticas a anteciparam em alguns decênios – e que continuou a ampliar seus efeitos depois da Segunda Guerra Mundial”[ii].
O estabelecimento do novo paradigma é mais uma tentativa de construção de um sistema social mais representativo e igualitário, baseado - como prometia as bases iluministas - no homem. Na transição/evolução, ora em curso, do mundo moderno para o 'novo modelo', fica clara "a perceptível e progressiva falência das promessas religiosas e políticas, cujos representantes decepcionam a mais não poder em todas as partes do mundo. Todos os crimes e pecados, que a civilização condena, mostram-se neles, cada vez mais realizados e realizáveis".
Nesse vácuo de uma autoridade ou lógica normativa, a auto-valorização do indivíduo passa a se destacar como a semente de uma nova possibilidade de sistematização das organizações sociais. Assim, com as necessidades do homem como centro das atenções, questões de grande complexidade começam a se estruturar.
Esse rearranjo – em andamento – traz desenhos com características naturalmente contrárias às normas anteriores. Dessa forma, uma questão principal se destaca ao analisarmos alguns dos pilares históricos essenciais de sustentação daquela estrutura.


técnica e precisão
organização e controle
convenção e disciplina
ideologia e coerção
especialização e certeza

Os novos formatos de arranjo social tenderam a diminuir a importância da disciplina e da ordem, privilegiando, nessa evolução a possibilidade do convívio com a instabilidade dos sistemas, ou seja, uma maior aceitação da incerteza.
A subjetividade como valor / atributo passa a orientar comportamentos e atitudes. ZUSMAN (2009) aponta que a lógica que sustenta a "drogadição possibilita a pseudo realização imediata daquilo que as religiões e as ideologias políticas prometem para depois. Seu tempo é o do aqui-e-agora". Esse comportamento de características hedonistas[iii] parecem poder servir de base para explicar outras drogas disfarçadas de doenças sociais contemporâneas como a explosão do consumo, da pornografia, das intervenções estéticas, dos antidepressivos, das seitas, da corrupção entre outras.
A disciplina, a ordem, a organização seqüenciada, as metas e as normas de conduta são aspectos estruturais da lógica produtiva anterior que se transformaram em motivo de contestação que ora permeiam as bases da construção social - religião, economia e poder.
Se as promessas que conduziam os paradigmas anteriores se mostraram ineficazes, uma vez que "a espera pelo céu é longa e problemática; pela igualdade e pela paz social, é problemática e longa", parece natural que a contestação daqueles atributos seja a negação daquela lógica. Dessa forma, podemos sugerir que, na rotina dos neodrogaditos sociais a expectativa é aquela que "o barato é de aparição muito mais imediata e só depende da dose. O sucesso da drogadição corre paralelo com a rapidez e a velocidade com que queremos que tudo aconteça, sem sofrimento. A vida parece se tornar mais plena quando se pode alcançar tudo, imediatamente. Parece!"
inovação, incerteza e, eventualmente, sucesso
A crise, de proporções mundiais, expõe a incerteza como um dos novos fatores estruturais da nova lógica de organização humana. A incerteza, no entanto, não é um vilão contemporâneo, pelo contrário, aponta que a realidade é fluida e dinâmica e, portanto, deve se ter uma atitude flexível perante ela.
Como vivenciado, no atual momento de crise econômica, "o medo pesa mais que a esperança. O que verdadeiramente se teme, e nem sempre se sabe, conscientemente, é que a confiança passa a ser sentida, no momento, como um risco inaceitável. Contudo, o problema não reside na confiança em si mesma, mas na sua ampliação desmedida, que terminou por transformá-la em certeza absoluta, como acaba de ocorrer. Em outras palavras a confiança ganhou qualidades onipotentes, aparentemente intrínsecas (...) A este tipo de desempenho dominado por certezas onipotentes é que se dá o nome de estado maníaco"[iv].
Assunção a incerteza, ou seja, a incorporação de rotinas atitudinais mais sujeitas à fluidez externa e interna, pode se traduzir como um pressuposto para a nova economia que se desenha, onde a confiança não deixa de existir, mas passa a se sustentar menos em disciplina e mais em flexibilidade.
Parte daquele estado maníaco, apontado por Zusman, se construía na idéia de perpetuação das forças de poder. Essa lógica pressupõe, em paralelo, clusters de poder mais diluídos, tanto no nível das macro como micro organizações.
a construção pós-industrial
Podemos alocar a sociedade industrial como o conjunto de eventos sociais, econômicos e culturais ocorridos no período entre 1750 e 1950. Nesse período, o foco na razão ajuda a conformar a ciência, que, por sua vez, se torna o suporte para todo o aparato industrial que caracterizou a enorme evolução da civilização humana. Nessa evolução as nações poderosas eram aquelas capazes de produzir bens e serviços em quantidade crescente, no menor tempo possível.
O mundo trabalha em ritmo acelerado, visando a eficiência nas operações de interação entre matéria-prima, fabricação e venda.
Esse contexto, no entanto, que traz a bandeira da civilidade e do desenvolvimento humano, não agrada à todos. Como posto por Marx e Engels (1848, p.8) a estrutura social "moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não suplantou os velhos antagonismos da classe. Ela colocou no lugar novas classes, novas condições de opressão (...)".
Nas últimas décadas do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, esse processo de incômodo e desaprovação social foi ganhando corpo, principalmente nos meios artísticos e intelectuais. Livros, peças, obras de arte e manifestos artísticos contra os conflitos sociais e armados, conseguiram, aos poucos, alterar as  instituições estabelecidas  Os conflitos armados e  e, aos poucos, acabaram por irradiar e contaminar toda a sociedade ocidental.  
Para Bauman (2001) a qualidade líquida da modernidade faz referência ao estado de fluidez e dinâmica das relações contemporâneas. As sociedades urbanas impõe aos indivíduos essa característica de plena flexibilidade, onde o que é material, sólido e durável, passa a não se ajustar às exigências das novas realidades. O mundo é ágil, frenético e descartável.
"Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua condição de existência e suas relações recíprocas". (Marx e Engels, 1848, p.12).
Todas as instituições erguidas pelo homem estão sujeitas à desintegração. Semelhante à natureza que nos alerta esse fato com freqüência, todas, as estruturas de poder, formas de governo, processos de produção e lógicas econômicas  que já nasceram, amadureceram, existiram e resistiram por um período e faliram.
A percepção da sociedade pós-industrial começa, marcadamente, no período do pós-guerra, quando a geopolítica ganha um novo formato de integração e interação. Esse novo arranjo é acompanhado de uma grande profusão de novidades tecnológicas, principalmente, na viabilização da comunicação humana.
Aos poucos a construção social vai sofrendo drásticas alterações, representadas pela aumento do setor de serviços - em média 60% da força de trabalho, representando  mais que a produção industrial e agrícola juntas. O trabalho de características intelectuais começam a se tornar a base do novo paradigma em conformação.
Referências:

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade liquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001
BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Trad.  Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo. Editora UNESP, 1991.
JAMESON, Fredric. O pós-modernismo. A lógica cultural do capitalismo tardio. Trad. Maria Elisa Cevasco. São Paulo: Ática, 2000.
MARX, K.; ENGELS, F. (1848) O manifesto comunista. Edição Eletrônica de Ridendo Castigat Mores (1999). www.jahr.org.


Paulo Reis


[i] ZUSMAN, Waldemar (2009) Drogadição. url:www.blogandocomfreud.blogspot.com, em Setembro de 2009.
[ii] LIPOVETSKY, Gilles. (1993) A era do vazio. S.P.: Manole, p.XVI.
[iii] O Hedonismo, derivado do vocábulo grego ‘hedoné’ aponta a busca do prazer como doutrina de vida ou conduta. A busca da liberdade individual atual, surge como contra-ponto ao contexto opressivo trazido pela anedônica estrutura da produção capitalista. Essa característica essencial do ser humano parece se desenvolver com maior intensidade depois do longo período de abafamento que a disciplina excessiva trouxe.
[iv]ZUSMAN, Waldemar (2008) A depressão financeira e suas raízes emocionais. url:www.blogandocomfreud.blogspot.com, em Novembro de 2008.

setembro 29, 2010

constructive thinking

Em 1954 Maslow já afirmava que o comportamento de um indivíduo seria motivado pelo objetivo intrínseco de satisfação de uma hierarquia de necessidades: fisiológica/sobrevivência; segurança; social/pertencimento; auto-estima/auto-reconhecimento; e realização pessoal.
Os vários estudos derivados desses pressupostos acabaram por forjar o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho, onde o foco dessa abordagem está relacionada a valores ambientais e humanos que compõe a estrutura organizacional.
Para Walton (1973) a organização do trabalho, os processos, a competição e a tecnologia acabaram por bloquear uma série de questões fundamentais para o fazer e agir do homem de forma satisfatória. Onde elementos como: autonomia, compensação adequada, condições de trabalho, uso de suas capacidades, oportunidade de crescimento, segurança, crescimento pessoal, integração social, tempo de dedicação ao lazer e à família seriam fatores essenciais à satisfação pessoal, por um lado e à produtividade, por outro.
O estudo de Hackman e Oldham (1975) afirma que os trabalhadores estarão motivados, satisfeitos, desempenharão suas tarefas com qualidade, produtividade e assiduidade no trabalho, quando três estados psicológicos estiverem presentes:
1) Significação Percebida - percepção da importância e do valor do trabalho;
2) Responsabilidade Percebida - percepção da  carga de responsabilidade experimentada;
3) Conhecimento dos Resultados de Trabalho - percepção do grau de entendimento quanto à efetividade do trabalho executado.
Para os autores estas ponderações seriam geradas a partir de por dimensões básicas oriundas das tarefas executadas pelos indivíduos, relacionando suas vivências e percepções dos resultados alcançados e a satisfação global em determinado contexto: variedade das habilidades; identificabilidade das tarefas; significação das tarefas; autonomia; repercussão externa e feedback interno.
Gorz (1980) aponta que o conhecimento, o uso da inteligência e a vontade do trabalhador foram ignorados na organização do trabalho, sendo substituídos por equipamentos, máquinas, tecnologia e processos. No mesmo enfoque, Berger (1983), diz que o trabalho humano é a atividade fundamental que vai possibilitar a modificação do mundo e as transformações da existência humana, no entanto, essa organização do trabalho gerou a perda de identidade do trabalhador na sua realização, criando um hiato entre trabalho e satisfação.
Na tentativa de minimizar os efeitos nocivos e potencializar as possibilidades positivas dessa questão, principalmente na era da informação, novas formas de arranjo organizacional foram sendo experimentadas no sentido de equacionar o problema.
Assim, os atributos pessoais associados aos valores corporativos e ambos direcionados aos objetivos organizacionais, uma vez sintonizados, poderiam refletir um saudável conjunto de atitudes construtivas baseadas na motivação, envolvimento, aprendizagem e colaboração.
O conceito do constructive thinking se refere ao grau em que o pensamento automático do indivíduo age no sistema vivencial - na resolução de problemas, nas inter-relações pessoais e institucionais e na minimização do grau de estresse. (baseado em Epstein & Meier 1989).
A essência desses conceitos é a estrutura de formação do estresse no ambiente profissional ou ocupacional. Genericamente, foca os elementos críticos ambientais que pressionam o indivíduo em suas rotinas diárias, incorporando as várias dimensões possíveis que impactam sua percepção.
Como sustentação teórica trabalhamos com as abordagens psicológicas das seguintes fontes: Cooper e Al. 1988 /  Epstein 1998 / Epstein S. & Meier P. (1989).
As questões associadas ao conceito de global constructive thinking:
  • relacionamentos interpessoais
  • estresse ambiental
  • estresse ocupacional
  • papel dos estressores
  • capacidade de lidar com fatores e atores ambientais
  • fatores intrínsecos do trabalho
  • pensar e agir no sistema vivencial
  • processamento e interação de informações
  • sistema de aprendizagem
  • interface emocional
  • interface ambiental
  • categorização atitudinal
  • otimismo
  • inocência
  • saúde psicológica
  • saúde física
  • satisfação com o ambiente / estrutura
  • satisfação com o trabalho / processos
  • satisfação com as relações pessoais
BERGER, J. Induces abortion and social factors in wild horses. Nature, v. 303, p.59-61, 1983.
COOPER C.L., SLOAN S.J. & WILLIAMS S. (1988) Occupational Stress Indicator Management Guide. NFER-Nelson, Windsor, Ont.
EPSTEIN S. (1998) Constructive Thinking – The Key to Emotional Intelligence. Praeger, Westport, CT.
EPSTEIN S. & MEIER P. (1989) Constructive thinking: a broad coping variable with specific components. Journal of Personality and Social Psychology 57, 332–350.
GORZ, A. Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
HACKMAN, J.R.; OLDHAM, G.R. Development of the job diagnostic survey.
Journal of Aplied Psychology. Santa Monica:v.60,n.2, p.159-170, 1975.
MASLOW A. H. Motivation and personality. New York: Harper & Row, 1954.
MORAES, L. R. F.; SWAN, J. A.; COOPER, C. L. A study of occupational stress
among government collar workers in Brazil using the occupational stress indicator.
Stress Medicine, v.9, p. 91-104, John Wiley & Sons, 1993.
WALTON, R. Quality of work life: what is it? Sloan Management Review, v.15, n.1,
p.11-21, Dec.1973.

Paulo Reis

desenvolvimento diagnóstico

Um conjunto de estágios podem ser apresentados, de forma genérica, para percorrer os caminhos que idealizamos. Em linhas gerais seguem as estrutura tradicionais de investigação:
  • orientação focal genérica;
  • absorção de conhecimentos e informações;
  • estabelecimento das contribuições individuais independentes;
  • compartilhamento de informações;
  • análise de dados;
  • avaliação e seleção;
  • experimentação;
  • nova rodada de busca de dados com determinação focal mais específica.

O delineamento do contexto, das características e complexidades dos fatores envolvidos tornará possível começar a perceber a força da dinâmica dos movimentos contextuais a partir de entendimento das questões essenciais:
  • qual é o problema?
  • quais as suas origens?
  • como o problema é percebido?
  • quais seus impactos atuais?
  • quais seus impactos futuros?
  • quais são as soluções possíveis?
  • quais são as alternativas?
  • qual é a melhor solução?
  • qual é a melhor forma de colocá-la em prática?

O agente facilitador, a partir do contexto delineado, levará em consideração o conjunto das informações, para, mesmo com o direcionamento do facilitador, existirá a intenção de uma abordagem colegiada, indicando o resultado de consenso. O consenso traz à equipe a sensação de coesão e de conforto de participar do senso comum.
Para a obtenção de resultados mais consistentes, torna-se necessária o envolvimento motivado dos atores envolvidos. Vale a ressalva que as primeiras construções de diagnósticos são imprecisas e envolvem muitas vezes a necessidade de simulações de posturas e atitudes, nem sempre convenientes, para garantir o objetivo da busca iniciada.
Como pressuposto essas ações são permeadas por discussões onde todos os pontos de vista, dos vários atores, são apresentados e pormenorizados, servindo de suporte para a construção de uma estrutura consistente e coerente de raciocínio.
A dinâmica perceptiva da equipe de atores se envolve a tomada de posição num primeiro momento e a possível alteração dessa posição ao passo que aumentam as informações e complexidades dos eventos. As alterações de pontos-de-vista ocorrem em níveis distintos e complementares: a técnica, os valores, a cognição, a experiência, a afetividade, a objetividade e a intenção. Ao passo que essas dimensões são confrontadas com as demais, é natural a mudança de conscientização geral e da postura crítica inicial.
A partir do momento em que a visão do que se está buscando é alcançada, aceita e compartilhada, o processo para a consolidação de objetivos tem início. Tem início um processo de planejamento que envolve disciplina, atenção crítica, da projeção de futuro, percepção de tendências, análise de comportamento e acompanhamento dos movimentos culturais e tecnológicos.
A intenção estratégica da organização deve orientar a visão que passa a se estabelecer como meta. Aqui convergem as idéias de posicionamento de excelência, de singularidade, de especialidade e de vantagem competitiva.
Esse processo tem suas bases em estruturas sólidas advindas de pesquisas qualitativas e quantitativas, além de dados setoriais e oriundos de pesquisas acadêmicas. Tem, porém, forte estruturação em dimensões intangíveis baseadas na observação, criatividade, intuição, emoção e sensorialidade.
Ao criarmos um sistema de costura entre departamentos, estamos criando um sistema de ampla interlocução entre pessoas. Pessoas de diferentes idades, gêneros, formações, interesses e motivações. Quando criamos uma estrutura baseada em pessoas, não podemos de deixar de tratar com seriedade as questões fundamentais para o homem: atenção, conforto, bem estar, emoções, sensações, etc. Algumas posturas técnicas são características e pressupostos desse processo:
  • observar o macro-ambiente;
  • identificar tendências;
  • desconstruir rotinas;
  • implementar mudanças transformadoras;
  • mudar paradigmas;
  • construir o coisas novas;
  • materializar os valores;
  • confiar na interação criativa das pessoas;
  • interagir em grupos interdisciplinares.

Parikh[1] sustenta que no ambiente volátil que vivemos “para lidar com rápidas mudanças, é necessário certo sentido de estabilidade interior; para lidar com a complexidade, é preciso uma âncora de simplicidade; para lidar com incerteza, a pessoa tem de desenvolver um nível mais profundo de sistema de apoio interno; e para lidar com o conflito faz-se necessário uma capacidade especial de síntese, um nível mais profundo de percepção”.
A identificação do problema e sua conseqüente formulação é, muitas vezes, mais importante do que a própria solução, na medida em que o esforço do delineamento aonde o problema se constrói, pode ser mais rico, por alavancar novos enfoques, novas idéias, novas possibilidades, novas questões [2].
Se o objetivo é buscar uma solução diferente para determinado problema, é necessário, inicialmente, que se alterem o conjunto de fatores que fizeram chegar às soluções anteriores. Se a alteração dos elementos contextuais mudaram o paradigma estabelecido, é preciso adaptar todos os atores e fatores envolvidos no antigo cenário para que se consiga, efetivamente, uma nova análise e nova solução. 

Paulo Reis


[1] PARIKH, Jagdish. Intuição, a nova fronteira da administração. SP: Cultrix, 2000.
[2] Baseado em máxima de Albert Einstein.

muda o observador, muda a imagem

Tradeoff é o termo da economia que define o momento conflituoso de escolha de um fator ou ator estratégico importante em detrimento de outro.
Trata-se, portanto, de um processo composto por etapas de distintas dimensões cognitivas que é pautado por uma ordem de valor, envolvendo foco técnico, modelos mentais, fatores racionais e emocionais. 
O universo da tomada de decisão organizacional é, obviamente, baseado em estatísticas, métricas, retornos financeiros sobre os investimentos, custos de fabricação, aplicação dos recursos humanos, infra-estrutura, desenvolvimento de produtos e serviços e ações de marketing.
No entanto, aspectos sutis e intangíveis compõe metade do complexo processo de decisão. São questões referentes ao comportamento social, dinâmicas culturais internas e externas, motivação e estresse das pessoas, dos contextos de inter-relacionamentos com fornecedores, colaboradores e acionistas, experiências de marca, intenções e tendências. 
Algumas várias perguntas - que muitas vezes são evitadas, devem ser formuladas, buscando delinear os reais contornos das questões e contextos a serem trabalhados:
  Quem são os clientes?
  Quem são os consumidores?
  Quem são os usuários?
  O que querem?
  O que procuram?
  Onde estão?
  Por quê?
  Onde compram?
  Quando compram?
  Quando usam?
  Por quê compram?
  Como compram?
  Como se emocionam?
  O que os motiva?
  O que repele?
  O que os conforta?
  O que é relevante?
  ... 
A concorrência efervescente baseada na revoluções tecnológicas - e suas consequencias, gera um mercado crescente agitado, rápido e instável. Uma das alternativas paliativas é o profissional 'multitasks' - especialistas e flexíveis. Essa carga, no entanto. é muito pesada para concentrar em poucos profissionais, é preciso, urgentemente, que se criem, como já sugeria Tom Peters, na década de 80, equipes multi-funcionais; linhas de produção multi-operacionais; envolvimento com fornecedores, distribuidores e clientes.   
Essas premissas fundamentais de Peters só podem funcionar, entretanto, com uma 'espinha dorsal' de geração e condução do conhecimento e da comunicação, também flexível e multicanal. Essa ferramenta é a modelagem proposta dentro do conceito do design thinking. Não é à toa que Tom Peters é um dos 'padrinhos' da IDEO.

Paulo Reis